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Fazendo uma Conlang - Escrita

Fazendo uma Conlang - Escrita

Essa é uma parte opcional de se criar uma conlang, já que por muito tempo várias línguas do planeta existiram sem uma forma de escrita.

A maioria das línguas no planeta não fez a própria escrita e sim usou outra que entrou em contato. Mas se você quer mesmo fazer um, então vamos ver alguns tipos de escrita que existem.

Consistência

Num sistema de escrita (script para encurtar) é esperado que os símbolos tenham uma consistência entre si, eles tem que ser parecidos o suficiente para parecer o mesmo script mas diferentes o bastante para não serem confundidos.

Uma boa ideia é pegar inspiração dos scripts que já existem ou existiram, para isso o site Omniglot é um ótimo recurso.

Tipos de Escrita

Tipos de grafemas, uma unidade de escrita, podem ser divididos dessa forma:

Tipos de scripts são geralmente divididos dessa forma:

Qual desses tipos funciona melhor depende da linguagem.

Abjads são melhores quando consoantes sozinhas já carregam grande parte do significado na sua língua, como é o caso de Hebraico e Árabe. Alfabetos funcionam bem com tudo, provavelmente é a escolha mais fácil e mais frequentemente aplicada. Abugidas e Silabários funcionam com línguas com sílabas simples como CV, por exemplo Japonês e várias línguas da Índia. Logografias são melhores quando a língua tem muito pouca flexão nas palavras, como em Mandarim.

Essas não são as únicas opções, em Japonês são usados logogramas juntamente com silabários, os logogramas vindos de Chinês são usados como base da palavra e Hiragana para flexão.

Os abjads modernos usam algumas das consoantes como vogais por decorrência de mudanças sonoras, por isso são chamados abjads impuros.

Um sistema de escrita é considerado Featural (Distintivo) quando os grafemas também indicam informação fonética do que eles são. No alfabeto latino as letras não tem nenhuma relação com o som que elas fazem, ao contrário no alfabeto Hangul, usado para Coreano, todos os símbolos podem ser associados à sua articulação.

Passar do tempo

Sistemas de escrita geralmente não são atualizados de acordo com as mudanças da língua, esse é o motivo que hoje em dia no português as letras <s ç c> podem fazer o mesmo som /s/. O <c> em latim fazia apenas o som /k/ e <ç> era usado em português medieval para o som /ts/.

Quando fizer seu sistema de escrita vale pensar em que mudanças sonoras aconteceram desde a vez em que ele foi criado ou emprestado.

Direção de escrita

Nós (e computadores) estamos acostumados a escrever apenas da esquerda para direita, mas isso não é algo universal.

Uma das primeiras formas de escrita, os hieróglifos egípcios não tinham uma direção definida, como alguns símbolos incluíam pessoas e animais a direção de escrita era geralmente a direção que eles olhavam.

Os abjads Hebraico e Árabe são escritos da direta para esquerda, algo herdado do abjad fenício. Vários scripts vindos do fenício resolveram escrever da esquerda pra direita, sem motivo aparente. Antes disso também era praticado algo chamado Bustrofédon onde a direção da escrita invertia quando chegava ao fim da linha.

Outras possibilidades são escrever de cima para baixo, como Mongólico, ou de baixo para cima, são várias possibilidades.

Outras considerações

Vários scripts não escrevem espaços como é em Japonês e Mandarim.

Em português usamos acentos para indicar estresse nas palavras mas Inglês não.

Algumas diferenças de som como vogais longas/curtas talvez podem ser ignoradas, como era em Latim.

Letras podem ter duas ou mais formas diferentes como letras maiúsculas e minúsculas, ou formas iniciais ou finais.

Nosso script

Dito tudo isso podemos começar a fazer o nosso, como a conlang é falada por vários povos num cenário com alta tecnologia é bom ter algo que não requira muito contexto.

Todas as sílabas são abertas e com forma C(w)V então boas opções seria um alfabeto, silabário ou abugida. Contando todas as formas diferentes de sílabas temos 160 formas! Isso é muita coisa, algumas informações poderiam ser mostradas como diacríticos como a presença de /w/ ou não, reduzindo para 80.

Uma abugida não parece muito útil pois a distribuição das vogais é bem aleatória, com um alfabeto teríamos que escrever apenas 26 grafemas, parece uma escolha óbvia, mas não vou fazer isso porque eu quero deixar mais interessante.

Hora de usar algumas cartas na manga, a partir das plosivas desvozeadas um diacrítico pode servir para vozeá-las e outra para nasalizá-las. A consoante /j/ não pode ser seguida por /w/ então as sílabas /jV/ com o diacrítico /w/ podem ser usados para o próprio som de /w/. Então temos 45 sílabas e 3 diacríticos.

De qualquer jeito é tudo escrito no computador nesses dias então não tem que preocupar com a preguiça de escrever. Espaços são escritos, estresse não é necessário e só existe uma forma de cada letra.

Kwara

Esse é o silabário de kwara, em sua forma mais padrão. Várias outras fontes para ele podem existir mas esse é o básico.

E agora essa é a frase ta moga dweri sukori dwe basari paraweta sima escrita nele:

ta moga dweri sukori dwe basari paraweta sima